Diário da Megalópole
   
15abr98

N a semana passada, além das exposições que já mencionei em outros textos (De Chirico, Botero e Barroco Brasileiro), visitei também uma mostra fotográfica deveras interessante, com obras do pioneiro Edweard Muybridge, na galeria Thomas Cohn, perto do MuBE. No final do século passado, graças a complicações com a lei e a ameaças à sua integridade física (matou o amante da esposa, foi absolvido nos tribunais e mais tarde perseguido pelos amigos e familiares do rapaz), este fotógrafo inglês acabou atravessando o Atlântico e refugiando-se nos Estados Unidos da América. Instalado na Califórnia, o engenhoso lambe-lambe foi contratado pelo governador Leland Stanford, aficcionado das corridas de cavalos, para fornecer uma prova fotográfica definitiva para uma dúvida que perturbava um grupo de ricaços desocupados: em algum momento de seu galope, um cavalo fica com as quatro patas no ar?

Muybridge desenvolveu então um sistema de várias câmaras paralelas disparando uma seqüência de fotos e registrando os diversos momentos de um movimento (citando Zenão de Eléia, os vários repousos que, somados, formam o movimento). para exibir estes conjuntos de fotogramas, concebeu um aparelho chamado zoopraxiscópio, que reproduzia o movimento original captado pelas câmaras. Ou seja, uma forma primitiva de cinema. Entusiasmado com os resultados e financiado pelo governador, Muybridge fez inúmeros experimentos, captando imagens não só de animais em movimento mas também de seres humanos, freqüentemente desinibidas moçoilas nuas.

Ah, sim! O cavalo fica com as quatro patas no ar durante a corrida.
   


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© 1998 Nemo Nox