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Março 2025
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Três semanas em Willemstad
Estou
em Willemstad, capital de Curaçao, um dos países integrantes do Reino
dos Países Baixos. É a minha primeira vez no Caribe e na América
Central. Curaçao tem uma interessante combinação de culturas.
Originalmente habitado pela tribo nativa Arawak, foi ocupado pela
Espanha no século 16 e depois pela Holanda desde o século 17, só
chegando à autonomia em 2010. Durante muito tempo, Curaçao foi um centro
de comércio de escravos (a escravidão foi abolida em 1863), o que se
reflete no fato de 75% por cento da população atual ser de origem
africana.
Meu apartamento fica em Otrobanda (literalmente, "o outro lado"), que é
uma área mais residencial. A área mais comercial e mais turística se
chama Punda. Ligando as duas, temos a famosa ponte Queen Emma,
construída em 1888. É uma ponte flutuante, basicamente uma calçada de
madeira apoiada em cima de uma série de barcos. Quando um navio precisa
cruzar o canal, eles movem os barcos e a ponte inteira se abre. Se você
estiver na ponte nessa hora, vai junto num pequeno passeio.
Com exceção de umas poucas quadras que formam a área turística,
Willemstad tem um ar de cidade pequena, com casas simples e muitas
lojinhas. Do lado de fora da minha janela tem uma árvore cheia de
pássaros. Consegui identificar dois: o lindo corrupião (chamado aqui de
turpial), preto e amarelo, e a barulhenta maritaca (chamada aqui
de lora), de corpo verde e cabeça amarela.
Visitei três museus. O Curaçao Museum exibe móveis e objetos da época
colonial. O Kurá Hulanda Museum conta a história do comércio de escravos
no Atlântico. O Curacao Maritime History Museum mostra modelos de
navios e equipamento de navegação, mais um modelo enorme da refinaria
local (desativada em 2020).
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Um dos muitos murais espalhados pela cidade.
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Karnaval
Esta
parte não foi planejada, mas a minha passagem por Curaçao coincidiu com
o carnaval. E eles levam isso a sério por aqui, com uma semana inteira
de desfiles. No Brasil, o carnaval é movido a samba (mais
especificamente, samba-enredo) e instrumentos como surdo, tamborim,
cuíca, e agogô. Em New Orleans, o Mardi Gras vai no ritmo das
tradicionais brass bands, com influência de funk e jazz, e instrumentos
como trompete, trombone, e tuba. Aqui em Curaçao, o Karnaval é com
tumba, um ritmo afro-caribenho com influencia de merengue e calipso, e
tocado com instrumentos como congas, tambor de aço, e tambú.
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E a comida?
Estando
numa ilha, achei que peixe seria o prato principal. Mas parece que os
restaurantes de frutos do mar aqui são todos para turistas, servindo o
que eu chamaria de cozinha internacional. O que eu vi o pessoal daqui
comendo foi sempre cabra e frango. Como não sou grande apreciador de
carne de cabra, o que eu mais comi foi galiña stoba (frango ensopado),
geralmente servido com banana frita e arroz com feijão. Também comi
peixe, claro, corvina e peixe-leão-vermelho.
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Bida ta dushi!
O idioma local, papiamentu, é fascinante, misturando português,
castelhano, e holandês, numa combinação vibrante e original. Me lembra
um pouco o som do dialeto português falado em Cabo Verde. Eu não entendo
as conversas, mas vez por outra identifico algumas palavras ou
expressões. Por exemplo, "kachó pretu" não é muito diferente de
"cachorro preto". "Kon ta bai?" é quase igual a "Como vai?". E, claro, o
popular "Bida ta dushi!" ("A vida é boa!"). Eles usam "dushi" para tudo
que é bom. Literalmente significa "doce", mas também é "saboroso",
"delicioso", "sexy", "bacana", "bonito", e por aí vai.
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E os passeios?
Visitei algumas praias ao redor da ilha.
A primeira foi Mambo Beach, uma caminhada de 7 km desde o meu
apartamento (e outros 7 km para voltar). Lá eu almocei no Hemingway
Beach Bar & Restaurant e depois visitei os flamingos, golfinhos, e
tubarões no Curaçao Sea Aquarium. Curiosamente, eu já tinha comido em
outros restaurantes chamados Hemingway, mas sem relação uns com os
outros, em Plovdiv (Bulgária), Bangkok (Tailândia), e Tirana (Albania).
Começa a ser uma tradição.
Para as outras praias, mais longe, fui de carro. São todas pequenas, com
areia branca e fina, e água límpida e verdinha: Kokomo Beach, Playa
Piskado, Playa Kalki, e Playa Kenepa. E no caminho para Kokomo Beach
ainda parei nas Hato Caves, cavernas de calcário marinho cheias de
estalactites, estalagmites, e morcegos.
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Kokomo Beach
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Playa Piscadó
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Playa Kenepa
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E depois de Willemstad?
Em alguns dias, vou para a Ciudad de Panamá, capital da República de Panamá. Hasta luego!
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