Fevereiro 2024

Dois meses em Bangkok

Agora estou morando em Bangkok, capital da Tailândia. Na verdade, Bangkok não é Bangkok para os tailandeses. Eles chamam a cidade de Krung Thep. O nome completo é Krung Thep Maha Nakhon Amon Rattanakosin Mahinthara Ayutthaya Mahadilok Phop Noppharat Ratchathani Burirom Udomratchaniwet Mahasathan Amon Phiman Awatan Sathit Sakkathattiya Witsanukam Prasit, cuja tradução é "cidade dos anjos, grande cidade dos imortais, magnífica cidade das nove pedras preciosas, trono do rei, cidade dos palácios reais, lar dos deuses encarnados, erigida por Vishvakarman a mando de Indra". Bonito, não é?

Aluguei um apartamentinho confortável no 21° andar de um edifício construído em 2017. Os dois últimos andares acomodam um centro de entretenimento. No 37° andar, tem um salão de jogos, uma sala de reuniões, um mini-cinema, um simulador de golf, e uma pequena biblioteca. No 38° andar, tem uma piscina com jacuzzi, uma academia de ginástica, e uma sauna. (Eu nadei quase todas as manhãs nas primeiras duas semanas, mas a água é tão dolorosamente gelada que acabei desistindo.) A vista da minha janela é muito agradável, especialmente à noite com todos os edifícios iluminados. Estou gostando muito do meu humilde lar em Bangkok.

Vista da minha janela no 21° andar
Já visitei os museus locais, claro. O Museu Nacional de Bangkok fica na antiga residência do príncipe-vicerrei e contém uma coleção impressionante de artefatos tailandeses antigos. A Galeria Nacional exibe pinturas e esculturas tailandesas, tanto antigas como contemporâneas. O melhor museu que eu visitei foi o MOCA (Museum of Contemporary Art), onde fiquei conhecendo artistas cujo nome nunca tinha ouvido e testemunhei a forte influência da mitologia asiática e do surrealismo na pintura tailandesa recente. Também visitei a casa-museu do Jim Thompson (ele foi uma agente da OSS que se instalou na Tailândia e ficou rico exportando seda), o Sea Life Bangkok (um aquário de 10,000 metros quadrados habitado por tubarões, pinguins, estrelas do mar, anêmonas, cavalos-marinhos, e vários outros animais do mar), e o Madame Tussauds Bangkok (eu não teria ido a um museu de cera se não tivesse sido forçado a comprar o bilhete junto com o do Sea Life Bangkok, mas não foi completamente desinteressante).
Monge no MOCA
Existem milhares de templos budistas na Tailândia. Eu visitei alguns em Bangkok. No Wat Traimit há uma estátua enorme de um Buddha de ouro. Acredita-se que tenha sido construída no século 14, mas só em 1955 seu segredo foi descoberto. Enquanto estavam transportando a estátua, as cordas partiram-se e o Buda caiu no chão. Parte da cobertura de gesso quebrou, revelando que a estátua era feita de ouro maciço. Tem 3 metros de altura, pesa 5.5 toneladas, e tem um valor aproximado de 250 milhões de dólares.
Buddha de ouro
Wat Pho fica logo ao sul do Grande Palácio, e abriga a maior coleção de imagens de Buddha na Tailândia. O maior é o Buddha Reclinado, com 15 metros de altura e 46 metros de comprimento, construído em 1832. Mas a atração principal para mim foi a arquitetura do lugar, com pavilhões, corredores, e jardins, tudo decorado em belas cores. Visitei o Grande Palácio também, que é outro enorme complexo e inclui seus próprios templos. Foi a residência oficial dos reis do Sião (e mais tarde Tailândia) de 1782 até 1925.
Wat Pho
Buddha recilnado
Grande Palácio
Wat Arun é um dos templos mais famosos em Bangkok, provavelmente por causa da impressionante silhueta na margem oeste do rio Chao Phraya. A arquitetura e a decoração são fenomenais, particularmente o prang principal (prang é o nome daquelas torres cônicas nos templos budistas) todo coberto em porcelana representando deuses, soldados, e animais míticos.
Wat Arun
Outro tipo de templo muito popular em Bangkok são os shopping centers. São muitos e são espetaculares. Vou citar só alguns no meu bairro. Terminal 21: dez andares de lojas e a mais longa escada rolante da Tailândia (36 metros). CentralWorld: o nono maior shopping center no mundo, 550.000 metros quadrados de lojas. Siam Paragon: marcas de luxo internacionais, cinema multiplex com 16 telas gigantes, um auditório para óperas, cancha de boliche, e o aquário Sea Life Bangkok nos andares inferiores. MBK Center: 2.000 lojas, principalmente marcas locais.

E os passeios?

Fui a Ayutthaya, fundada por volta de 1350 para ser a segunda capital siamesa (depois de Sukhothai e antes de Bangkok). Foi destruída por Burma no século 18, e agora é um dos locais protegidos pela UNESCO por causa das ruínas de muitos templos. Existem algumas construções incríveis por lá. Fotografei Wat Chaiwatthanaram, Wat Lokkayasutha (com uma estatua de um Buddha reclinado, 8 metros de altura e 42 metros de comprimento, muito mais antiga que a de Bangkok), Wat Phra Si Sanphet, e Wat Mahathat (famoso pela cabeça de Buddha enroscada nas raízes de uma árvore).

Wat Chaiwatthanaram
Cabeça de Buddha em Wat Mahathat
Wat Phra Si Sanphet
Separei um dia só para visitar mercados interessantes. Em Damnoen Saduak, tem um mercado flutuante. Os compradores navegam pelos canais enquanto os vendedores oferecem seus produtos nas margens ou em seus próprios barcos. Em Samut Songkhram, os vendedores expõem seus produtos dos dois lados da via ferroviária, tão perto dos trilhos que quando vem o trem é uma correria pra levantar os toldos e tirar os cestos do caminho. Depois que o trem passa, voltam todos para onde estavam.
Damnoen Saduak
Samut Songkhram
Em outro passeio, visitei a Ponte sobre o Rio Kwai, famosa por causa do livro do Pierre Boulle e do filme do David Lean. O problema com o nome é que o Boulle sabia que a ferrovia corria paralela ao rio Khwae Noi e achou que a ponte atravessaria esse mesmo rio. Mas na verdade ela foi construída sobre o rio Mae Klong. Quando o filme ficou famoso e os turistas começaram a chegar procurando a ponte que não estava onde eles esperavam, o governo tailandês mudou o nome daquela parte do rio Mae Klong para Khwae Yai, e agora a ponte fica oficialmente sobre o rio Khwae. Eu peguei o trem que vai de Kanchanaburi a Thamkra Sae, cruzando a ponte pelo caminho.
Turistas olhando para o rio Khwae

E a comida?

Eu não gosto de comida apimentada. Jalapeño, malagueta, piri piri, essas coisas causam dor na minha boca e destroem qualquer possibiliade de sentir o gosto da comida. Aqui eles tem uma coisa chamada pimenta tailandesa, usada em quase qualquer prato. É terrível. A pimenta tailandesa pode ser cinco a dez vezes mais picante que o jalapeño mais forte. Então tenho sido muito cuidadoso e seletivo com a comida tailandesa. Digo ao garçom enfaticamente que não quero qualquer coisa remotamente picante, mas nem sempre funciona (o conceito deles do que é picante ou não é definitivamente diferente do meu). Os pratos que tenho comido em versão não-picante são macarrão (feito de arroz) frito (pad thai or pad see ew, dependendo da largura da massa usada) e arroz frito (khao pad), ambos misturados com frango, porco, ou camarão. Como sobremesa, mango sticky rice, que é uma manga fresca cortadinha e servida com arroz empapado em leite de coco. É muito arroz.

Mas Bangkok tem um número surpreendente de restaurantes japoneses, e é onde como com frequência. E o meu apartamento tem uma cozinha bem equipada, e também preparo comida em casa, como o meu selo oficial de ausência de pimenta. Também preciso mencionar que em frente ao meu edifício há um restaurante especializado em gourmet burgers, e eles fazem um dos melhores cheeseburgers que já comi. Habitualmente vou lá nos fins-de-semana.

Aqui também temos muitas frutas deliciosas. Mamão, melão, manga, mangostão, pitaya, tudo produzido localmente e encontrável por todos os lados. Bananas secas ao sol e água de coco também fazem parte da minha dieta tailandesa. Mas a minha fruta preferida aqui é a melancia: suculenta, saborosa, doce, possivelmente a melhor melancia do mundo.

E depois de Bangkok?

No início de março me mudo para Kuala Lumpur, capital da Malásia. Essa história eu conto mais tarde.

Selamat tinggal! ("tchau" em malaio)

Piscina no 38° andar
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