Seis semanas em Skopje
Skopje,
capital da Macedônia do Norte, é um lugar estranho. Não é uma cidade
grande, com menos de meio milhão de habitantes. O comércio é um pouco
limitado, e o ritmo de vida é definitivamente lento. Mas se você for ao
lugar considerado o centro da cidade, ao redor da Praça Macedônia,
parece que alguém tentou fazer da cidade a mais impressionante da
Europa, e falhou miseravelmente. Teriam sido suficientes as duas
estátuas gigantescas em cada lado do rio, uma do Alexandre o Grande num
cavalo e a outra do seu pai Felipe II, ligadas pela antiga Ponte de
Pedra. Mas aí começaram a botar mais e mais estátuas. E mais três
pontes, desnecessárias e pertinho umas das outras. Em cima das pontes,
mais estátuas, dúzias de estátuas. Acho que deve haver mais de duzentas
estátuas naquela área. Como se tudo isso não bastasse, botaram também
três "navios piratas" entre as pontes, para funcionarem como
restaurantes. Não são navios de verdade, estão sobre pilares de cimento,
e ninguém consegue explicar a ligação entre piratas e a Macedônia, um
país que nem tem acesso ao mar. Toda aquela região central da cidade
ficou parecendo um depósito de peças de decoração descartadas de Las
Vegas, e a palavra mais usada para descrevê-la é "kitsch".
Felizmente, meu apartamento ficava numa parte da cidade bem mais
agradável. Perto do Gradski Park (Parque da Cidade), é um bairro chamado
Debar Maalo, considerado "a parte boêmia da cidade". Não vi nada de
boêmio por lá, mas é onde ficam os melhores restaurantes de Skopje.
Os dois museus de arte da cidade, a Galeria Nacional da Macedonia e o
Museu de Arte Contemporânea, são bem pequenos e não muito interessantes.
Os museus de história são um pouco melhores, o Museu da Cidade de
Skopje mostrando alguns artefatos pre-históricos e documentos sobre o
grande terremoto de 1963, e o Museu Arqueológico da Macedônia mostrando
artefatos do período paleolítico até os tempos do Império Romano. Também
fiz uma longa caminhada até o aparentemente abandonado Sítio
Arqueológico de Skopje, onde podemos ver as ruínas de onde estava a
cidade entre os séculos primeiro e terceiro. No caminho até lá,
encontrei uma enorme cobra verde tomando sol numa calçada.
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