Agosto 2023

Seis semanas em Skopje

Skopje, capital da Macedônia do Norte, é um lugar estranho. Não é uma cidade grande, com menos de meio milhão de habitantes. O comércio é um pouco limitado, e o ritmo de vida é definitivamente lento. Mas se você for ao lugar considerado o centro da cidade, ao redor da Praça Macedônia, parece que alguém tentou fazer da cidade a mais impressionante da Europa, e falhou miseravelmente. Teriam sido suficientes as duas estátuas gigantescas em cada lado do rio, uma do Alexandre o Grande num cavalo e a outra do seu pai Felipe II, ligadas pela antiga Ponte de Pedra. Mas aí começaram a botar mais e mais estátuas. E mais três pontes, desnecessárias e pertinho umas das outras. Em cima das pontes, mais estátuas, dúzias de estátuas. Acho que deve haver mais de duzentas estátuas naquela área. Como se tudo isso não bastasse, botaram também três "navios piratas" entre as pontes, para funcionarem como restaurantes. Não são navios de verdade, estão sobre pilares de cimento, e ninguém consegue explicar a ligação entre piratas e a Macedônia, um país que nem tem acesso ao mar. Toda aquela região central da cidade ficou parecendo um depósito de peças de decoração descartadas de Las Vegas, e a palavra mais usada para descrevê-la é "kitsch".

Felizmente, meu apartamento ficava numa parte da cidade bem mais agradável. Perto do Gradski Park (Parque da Cidade), é um bairro chamado Debar Maalo, considerado "a parte boêmia da cidade". Não vi nada de boêmio por lá, mas é onde ficam os melhores restaurantes de Skopje.

Os dois museus de arte da cidade, a Galeria Nacional da Macedonia e o Museu de Arte Contemporânea, são bem pequenos e não muito interessantes. Os museus de história são um pouco melhores, o Museu da Cidade de Skopje mostrando alguns artefatos pre-históricos e documentos sobre o grande terremoto de 1963, e o Museu Arqueológico da Macedônia mostrando artefatos do período paleolítico até os tempos do Império Romano. Também fiz uma longa caminhada até o aparentemente abandonado Sítio Arqueológico de Skopje, onde podemos ver as ruínas de onde estava a cidade entre os séculos primeiro e terceiro. No caminho até lá, encontrei uma enorme cobra verde tomando sol numa calçada.

Teatro Nacional, e um monte de estátuas
Almoço com Alexandre

E a comida?

Kebabs (espetinhos de porco ou frango, às vezes os dois juntos) e tavče gravče (feijão vermelho assado no forno) parecem ser os pratos mais populares em Skopje. Eu comi muito disso. Também experimentei outros pratos deliciosos, como kalabalak pot (porco desfiado, coberto de queijo derretido, assado numa gamela feita de pão), sharplaninski smuk (porco grelhado recheado com presunto e queijo, com molho de cogumelos), e o impronunciável grne (ensopado de porco e frango, berinjela, abobrinha, cebola, cogumelo, alho, queijo, and condimentos). O vinho que mais tomei foi Vranec, uma variedade de uva tinta originária de Montenegro mas plantada por toda a Macedônia.

kalabalak pot
espetinho de porco

E outros passeios?

Só fui a dois lugares fora da cidade. Em Gorno Nerezi, um vilarejo perto de Skopje, visitei o Monastério de São Pantaleão, que tem uma igreja bizantina do século XII com afrescos medievais. No Matka Canyon, fiz um passeio de barco no rio Treska e visitei a Caverna Vrelo, que tem um lago subterrâneo considerado um dos mais fundos da Europa.

Matka Canyon

E depois de Skopje?

Agora estou morando em Beograd, capital da Sérvia. Essa história eu conto na próxima vez.

Tchau! (Sim, eles dizem "tchau" na Sérvia, escrito "čao".)

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