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Outubro 2022
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Seis semanas na Toscana
A
Toscana é a minha região preferida na Itália. Comida deliciosa, bons
vinhos, lindas paisagens, rica história, e arte maravilhosa. Então
aluguei um apartamento em Florença, capital da Toscana, berço da
Renascença Italiana, lar de Dante Alighieri e Giovanni Boccaccio, de
Sandro Botticelli e Michelangelo Buonarroti, de Galileo Galilei e
Niccolò Machiavelli, e tantos outros residentes memoráveis.
Meu apartamento ficava nos fundos de um velho edifício na margem sul do
rio Arno. Bem em frente ao famoso Giardino di Boboli (Jardim de Boboli),
um enorme (45 km quadrados) parque construído no século 17, uma boa
escolha para as minhas caminhadas matinais (é preciso pagar para entrar,
mas comprei um passe que me dava acesso por um ano).
Visitei mais uma vez todos os museus, palácios, e igrejas, que já
conhecia, e alguns que ainda não conhecia, todos repletos de tesouros
artísticos da Idade Média e da Renascença. A Galleria degli Uffizi é
facilmente o melhor museu da cidade, apresentando A Primavera e O Nascimento de Vênus do Botticelli, A Batalha de San Romano do Uccello, a Vênus de Urbino do Tiziano, os retratos do Duque Federico da Montefeltro e da Duquesa Battista Sforza de Urbino do della Francesca, A Anunciação do Leonardo, a Medusa
do Caravaggio, e várias outras obras dos mestres da Renascença. A
Galleria dell'Accademia é muito menor mas abriga a famosa estátua David
do Michelangelo. Depois temos todos os palácios transformados em museus
de arte e história: Palazzo Vecchio, Palazzo Medici Riccardi, Palazzo
Strozzi, Palazzo Pitti, Palazzo del Bargello... E, claro, as igrejas:
San Miniato al Monte, San Lorenzo, Santa Maria Novella, Santa Croce,
Santo Spirito, e a grande estrela entre todas, a Cattedrale di Santa
Maria del Fiore (localmente conhecida como Il Duomo por causa do
impressionante domo criado pelo Filippo Brunelleschi). Para ver tudo
isto apropriadamente, tive que subir muitas escadas. 463 degraus para
chegar ao topo do Duomo, 414 degraus para chegar ao topo da torre do
Giotto, 416 degraus para chegar ao topo da torre do Palazzo
Vecchio...
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E a comida?
Ah,
a cozinha da Toscana... Massa, claro, como se pode esperar na Itália.
Mas tanta coisa mais: Bistecca alla Fiorentina (um bife gigante em
estilo florentino, muito mal passado), Spezzatino (carne frita e depois
refogada por um longo tempo), Panzanella (salada feita com tomates,
cebolas, manjericão, pão, e um monte de azeite de oliva), Ribollita
(sopa feita com uma longa lista de legumes), Ariza (lombo de porco
assado), Filette di Maiale al Chianti (bife de porco com molho de vinho
Chianti). Um dos pratos mais tradicionais de Florença é javali selvagem,
chamado em italiano de cinghiale, uma das minhas carnes preferidas. No
mercado central tem até uma estátua de bronze de um javali. Os nativos a
chamam de Il Porcellino (o porquinho). E muitos restaurantes servem
pratos feitos com carne de javali, sendo o mais popular o Pappardelle al
Ragù di Cinghiale (ensopado de javali sobre tiras largas de massa).
E tem ainda o vinho. A maior parte é feita com a uva local Sangiovese.
Chianti é o mais famoso internacionalmente, e alguns são muito bons, mas
para uma experiência extraordinária recomendo o Brunello di Montalcino e
o Vino Nobile di Montepulciano. Me deliciei tanto com estes vinhos que
até fui aos povoados onde são feitos para visitar as vinícolas.
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Passeando pela Toscana
Florença
é uma cidade fantástica, mas há muito mais para ver nos vilarejos da
região. Fiz alguns passeios a lugares como Siena (famosa pela corrida
anual de cavalos em estilo medieval), San Gimignano (onde fazem o vinho
branco Vernaccia di San Gimignano e também alguns bons tintos Chianti),
Montepulciano (terra do Vino Nobile di Montepulciano), Pienza (linda
cidade medieval), Montalcino (terra do Brunello di Montalcino e do seu
irmão mais novo Rosso di Montalcino), Pisa (sim, a torre ainda está lá e
ainda está inclinada), e Lucca (once acontece uma vez por ano uma das
maiores convenções de jogos e quadrinhos europeus, mas cheguei um mês
antes do evento).
Também fiz um passeio à Liguria, a região ao noroeste da Toscana, para
ver a maravilhosa Cinque Terre (Cinco Terras). Peguei um trem no caminho
de ida e um barco no caminho de volta, e visitei as cinco cidadezinhas
litorâneas que formam este Patrimônio Mundial da UNESCO: Riomaggiore,
Manarola, Corniglia, Vernazza, e Monterosso. Muito bonito.
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E depois de Florença?
Já
estou em New Orleans, uma das minhas cidades favoritas nos EUA. Mas
esta é uma história para outra hora. Laissez les bons temps rouler! (No
francês local, que é muito diferente do francês da França, isto quer
dizer "deixemos rolar os bons tempos").
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