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Agosto 2022
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Seis semanas na Riviera Francesa
Meu
apartamento fica em Nice, mas com tantos lugares interessantes na
região eu tenho pulado de cidadezinha em cidadezinha. Cannes é famosa
pelo festival de cinema e pela bela praia, mas também tem uma parte
antiga da cidade que vale explorar. Vallauris é um vilarejo conhecido
pela sua porcelana, e é lá que você pode ver o mural La Guerre et La Paix
do Picasso. Antibes é uma encantadora cidade antiga cheia de galerias
de arte, e tem também o palácio onde o Picasso viveu por algum tempo,
agora um museu com vários dos seus trabalhos. Biot é um vilarejo
conhecido pelos seus artesãos de vidro soprado, e também onde fica o
Musée Fernand Léger. Cagnes-sur-Mer me fez lembrar do filme Cocoon,
por causa da grande quantidade de aposentados que vive por lá. O Renoir
também passou lá seus últimos anos, e a sua casa é agora um museu. Èze é
uma vila medieval no alto da montanha, com uma vista espetacular do
Mediterrâneo. Para os corajosos, há o Caminho do Nietzsche, uma trilha
íngreme e rochosa de mais de dois quilômetros onde o velho filósofo
bigodudo costumava caminhar. Menton é a última cidade grandinha antes de
chegar à Itália, e tem um bonito bairro antigo e um museu dedicado ao
Jean Cocteau, que morou por lá.
Nice é a maior cidade nesta região, cheia de atrações e cheia de
turistas. O meu apartamento fica num bairro chamado Carabacel,
suficientemente longe do burburinho turístico mas suficientemente perto
da praia e dos melhores restaurantes. O Musée d'Art Moderne et d'Art
Contemporain (MAMAC) fica somente a dois quarteirões do meu edifício. O
Matisse morou em Nice (você pode visitar sua casa, agora um museu) e
morreu aqui (você pode visitar seu túmulo no Cimetière de Cimiez).
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Can que noun camina, noun trova d’ouòs
Depois
de meses ouvindo búlgaro e romeno, o francês soa como uma língua bem
familiar. Eu não sou completamente fluente, mas consigo conversar com o
pessoal daqui e até ler um livro ou dois (encontrei dois bons
Boileau-Nercejac na livraria do bairro -- se você não sabe quem são,
pergunte ao Google). Mas Nice tem sua própria linguagem, um dialeto
chamado niçardo, que é um subdialeto do provençal, que é um dialeto do
occitano (ou langue d'oc). Só gente que nasceu e cresceu aqui fala
niçardo, principalmente os mais velhos. O ritmo me lembrou o catalão, e
as poucas palavras que eu entendo parecem uma mistura de italiano com
francês. Ah, "can que noun camina, noun trova d’ouòs" significa "cão que
não anda não acha osso" em niçardo.
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Cozinha Niçarda
A
comida aqui, como seria de esperar (afinal, estou na França), é muito
boa. Existem vários pratos originários de Nice que são deliciosos. O
mais famoso (e o que eu mais comi até agora) é a salada niçoise: tomate,
ovo cozido, atum, anchova, pepino, pimentão, azeitonas pretas. Ou você
pode pegar um pão local e botar dentro uma salada niçoise inteira,
chama-se pan bagnat. Outro prato famoso inventado aqui é o ratatouille,
uma mistura de legumes cozidos rica em abobrinha e berinjela. Eles
também usam abobrinha para fazer as populares beignets de courgettes,
que são empanadas e fritas e completamente diferentes dos beignets doces
que você come de manhã em New Orleans.
Também tenho bebido vinho francês, claro. Principalmente Bandol,
produzido perto de Toulon aqui na região de Provence, feito com uma uva
chamada Mourvèdre. E qualquer mercado aqui sempre tem garrafas de bom
Cahors ou Bordeaux por preços difíceis de resistir, então eu não
resisto.
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E depois de Nice?
Na próxima semana me mudo para Firenze, capital da Toscana e local de nascimento da Renascença Italiana. A presto!
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