Diário da Megalópole
   
19abr98

M chaminés uita gente me pergunta como estou enfrentando a poluição desta megalópole. Para ser sincero, a poluição sonora incomoda-me um pouco mas a poluição atmosférica passa quase despercebida. Perturba-me muito mais a micropoluição em ambientes fechados causada por fumantes desrespeitosos.

Vez por outra tento contemplar um longínquo horizonte de edifícios e surpreendo-me com a falta de visibilidade. É até bonito, reprodução pós-industrial de névoas naturais. Os efeitos diretos, porém, aparecem quando qualquer morador de Sampa limpa o nariz e depara-se com (para usar o termo que ouvi de um estranho sujeito botanicamente alcunhado de Tomate) a doença da meleca negra. Sim, qualquer produto saído de narizes paulistanos, seja sólida catota ou melífluo ranho, vem automaticamente tingido de negra substância captada nos ares locais. Resta a esperança, talvez vã, que tal sujeira atmosférica tenha ficado completamente retida nos pêlos nasais e não tenha conspurcado nosso pulmões.
   


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© 1998 Nemo Nox